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A coluna desta semana devia se chamar Mesa&Volta, já que fiz tudo ao contrário. Comecei a refletir em comidas que refrescam. Fácil E Delicioso , almejo comer e beber normalmente. Tudo aquilo que poderá conservar meu entusiasmo à mesa intocado, no entanto me dando uma impressão mais ventilante, sem apelar pra ar-condicionado. Mais difícil ainda: como ingerir álcool sem constatar calor? A primeira sugestão que recebi de amigos: gaspacho.
Bacana essa ideia, porém queria qualquer coisa de mastigar que não fosse apenas salada ou líquidos. Gaspacho é um sopa fria, mesmo tendo pedacinhos de cebolas, pimentões, tomates e até croûtons, como em algumas versões. Sopas não são grandes companheiras para vinhos, é um estufamento de líquidos. No momento em que eu já me desesperava, uma vizinha iluminada, que morou no Peru, me deu a opinião perfeita: ceviche. Ela ainda indicou alguns bons lugares. A dificuldade continuou, pois todos estavam fechados nestas miniférias em que o ano custa a arrancar. O jeito foi pesquisar e fazer ceviches em moradia, para depois Sabor Sonoro :: Receitas, Sabores E Outras Viagens .
Minha comida de verão favorita é limão, almejo discursar, leva limão. Em uma sorveteria com dezenas de sabores vou escolher o de limão. Daí ser descomplicado me agradar com os ceviches. E o limão é a alma do ceviche, mas assim como sua técnica. É comum ler que o limão "cozinha" o peixe cru. Legumes à Parisiense é bem deste jeito. Como esclarecer o papel dos cítricos contra o calor?
O segredo de matar a sede nos vinhos é o mesmo que dá esta saciedade no ceviche: a acidez. Muita gente confunde no momento em que falo vinho com legal acidez, pensa em azia, que vai permanecer se sentindo mal. Vinho sem acidez não tem graça alguma, qualquer coisa como caipirinha sem limão. E a comida peruana que conheci —pouca, confesso— é acessível para os vinhos, com ênfase para os brancos sem madeira. Acidez com acidez, tudo gelado, o vinho mais para gelado e de consumir aos goles grandes. Nem imagine em tintos com ceviche, é um dos piores choques possíveis. O vinho fica amargo, os taninos machucam a boca e estraga toda a graça da refeição.

Umas bolhinhas vão bem bem como. Verão, calor, comida fácil de fazer. Então, que os vinhos sejam similarmente gostosos, matadores de sede e refrescantes. Verão rima com descomplicação. Quando consegui ingerir o ceviche do La Peruana, entendi duas coisas. Que todos os que eu fazia estavam errados, por excedente de limão e tempo demais no contato do peixe com a marinada (é uma rápida passagem do peixe no caldo cítrico).
A segunda é que estou entrando em uma zona perigosa. Há cítricos variados, peixes e frutos do mar bem como. Terei um longo verão testando camarões, lulas e peixes diferentes com limões verdes e siciliano, laranjas ácidas e até yuzu (a laranja japonesa tão delicada). Aprendi que ceviche não é só uma mistura de 2 produtos, o pescado e o caldo ácido. E ainda esbarrei numa receita de kinilaw filipino: peixes e frutos do mar imersos em um caldo ácido de vinagre de coco, mais cana-de-açúcar e condimentos. Onde: alameda Campinas, 1.357, Jardim Europa, tel.
Se uma pessoa pensou em vinhos verdes, acertou. Os verdes (que são brancos e geram uma certa desorganização com esse nome) vêm do extremo norte de Portugal, área chuvosa e onde as uvas amadurecem com problema. A uva mais usada é a Loureiro, apesar de os mais solenes Alvarinhos bem como serem cota da região. Há, como a todo o momento no país, uma quantidade de uvas diferentes. No entanto estou claro, portanto me concentrei em vinhos verdes pra consumo imediato, com os ceviches e um Loureiro de extenso estirpe, para declarar que a uva podes ser enorme bem como, o Quinta do Ameal.