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Foi em cima de telhados que a atriz Sonia Braga, 66, criou dois dos protagonistas mais interessantes de sua carreira. Em 1975, ela subiu num de telhas coloniais vermelhas pra resgatar a pipa de um moleque de Ilhéus. Com vestido florido, fez metade da população da pacata cidade baiana quase possuir uma síncope. Rede Globo baseada em livro do escritor Jorge Amado (1912-2001), colocou sua intérprete pela rota das mulheres sensuais.

A fama de símbolo sexual jamais deixou de lhe seguir. 40 anos mais tarde, na cobertura de um prédio no Chelsea, em Nova York, espaço oferecido pelo camarada e roteirista Mauricio Zacharias, Sonia teve um encontro com o cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho. Lá discutiram a protagonista Clara, jornalista e escritora aposentada, protagonista do filme "Aquarius", que estreia no Brasil em 1º de setembro.

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Clara é a última moradora do prédio que oferece nome ao filme e fica de frente pra uma praia no Recife. Por resistir a se mudar do lugar que precisará ser demolido, se torna vítima de pressão orquestrada na construtora, uma metáfora sobre o maquiavelismo instaurado pela existência política e social de um Brasil recente. Mostrado no Festival de Cannes em maio, "Aquarius" rendeu elogios à atuação da atriz, que a deixaram "surpresa" e "sufocada".

Sonia não concorda que o filme é tua volta ao cinema brasileiro. Sonia nunca teve tantos diálogos num vídeo como em "Aquarius". Tirando o prólogo da história, está presente em todas as cenas, colocando um LP pela vitrola para ouvir "O Quintal do Vizinho", de Roberto e Erasmo Carlos, ou pagando um michê pra transar com ela.

Foram mais de 120 páginas de texto para ler. Kleber a convenceu a fazer 3 semanas de ensaios, modo que, antes de descobrir o diretor, fazia Sonia "atravessar mal". Foi um set feliz. Em 2015, naquela cobertura do Chelsea, Sonia repetiu a Kleber o que sentiu ao ler o roteiro. A chegada de "Aquarius" em Cannes não causou frisson apenas entre críticos. Ao retornar para Nova York, Sonia encontrou uma enxurrada de mensagens que a atacavam em sua página no Facebook. Sentada no pc de teu apartamento no bairro de Alphabet City, em Nova York, Sonia passou dez horas diárias, durante um momento de 5 dias, observando as mensagens de ódio.

Suco De Clorofila Para Perder calorias de seguidores que bloqueou, Sonia decidiu denunciar ao Facebook em torno de cem deles, cujas mensagens classificou como intimidação e perseguição política. Se Clara, tua personagem em "Aquarius", deu voz às críticas da atriz a respeito de justiça e cidadania, Gabriela foi tua melhor tradução. A Sonia que se localiza com a reportagem de Serafina é a Sonia normal, a não "construída", aquela de cabelão solto ("A toda a hora me perguntam o que passo no cabelo e a todo o momento respondo: 'a mão, pra fazer a trança!'").

Utiliza salto plataforma, calça jeans baggy (novidade em teu guarda-roupa, não comprava um jeans há anos), uma blusa justa de algodão e pochete amarrada pela cintura. São tantos itens de sobrevivência nessa pochete que o acessório se parece com um daqueles cinturões de eletricistas. Fuçando ali, entre molho de chaves e lanterna, é bem possível descobrir uma chave de fenda.

Ou, como Kleber citou sobre a versão maximizada da pochete, uma enorme mochila cinza que a atriz havia esquecido num dos ensaios: "Nesse lugar está, Sonia, uma vez que nunca sabemos quando vai se possuir uma batalha nuclear". No momento em que lhe pergunto em que ponto surgiu a anti-Sonia Braga, a atriz é rápida: "Ela a toda a hora esteve presente". Esqueça Os 1 mil Abdominais Pra Reduzir a barriga! , seguindo uma dica de José Rubens Siqueira, que a dirigiu em seu primeiro curta, "Atenção, Perigo" (1966), foi fazer um teste para o musical "Hair".