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Os médicos do meu pai descobriram tarde além da conta, em 2011, que não tinham percebido que seu câncer de cólon estava se espalhando, apesar das cirurgias e da químio. No momento em que conseguiram achar outros a quem culpar pelo fato de a metástase ter passado batido, ele agora estava falecido. Contudo não foi o câncer que o matou.
Um coágulo sanguíneo, partindo de tua perna esquerda ou direita, passou com facilidade por tuas veias, atingiu seu pulmão e fez teu coração parar antes de minha mãe conseguir estacionar o automóvel pra visitá-lo na segunda vez naquele encerramento de semana. Motivo Dos Sonhos a notícia de sua morte pela minha irmã, um telefonema ligeiro ao longo do qual o único jeito que ela achou pra não desmoronar foi recorrer ao jargão de médicos, "Papai não resistiu". As Dicas Infalíveis Para Dominar Tua Amada! me deixaram abalado, apesar de ela ter repetido duas vezes, e foi apenas quando ouvi minha mãe gritar no quarto dele que eu soube. O defeito é que esta não é uma história a respeito de meu pai.
A todo o momento escrevo a respeito ele, entretanto nunca a respeito de minha mãe. Mesmo antes de amigos meus e eu chegarmos ao tempo dos enterros, meu pai já ocupava um espaço estimulado na minha existência -estava ali, mas nem sempre presente enquanto eu crescia. Presente, entretanto nem sempre ali no momento em que adoecia. Estava a toda a hora disposto a discutir de Shakespeare, Coleridge ou Khalil Gibran, todavia só uma vez ele me perguntou se eu tinha namorada. Entre nós a toda a hora houve distância e estática; o único filho que conseguia comentar de poesia com ele era o filho que ele não conseguia apreender.
Tudo isto resulta em 2 parágrafos de prosa em que o feito de tentar mapear um homem se torna a finalidade da prosa em si. É como se aquele vago do tamanho de um homem que os pais deixam fosse notável pra lustrar a poesia, mas eu não pudesse contar nada de minha mãe sempre presente.
Era ela quem estava sempre ali, mas sobre ela é a todo o momento mais difícil publicar. É descomplicado tecer uma ficção inteligente sobre o assunto meu pai. Não é tão fácil adicionar palavras pra expressar de minha mãe, aquela que fazia os curativos e comprava os livros da instituição, contudo também que algumas vezes estava por perto durante os longos períodos de tédio das férias. Mesmo num nível puramente linguístico, "o homem que não estava ali" tem bem mais apelo do que "a mulher que sempre estava presente".
Talvez seja em razão de escritores e leitores valorizam muito a ideia do anseio. Contudo lá vai o meu pai novamente, sequestrando uma história a respeito de minha mãe. Coisas das quais eu me lembro. A primeira vez que vi minha mãe chorar foi em 1978, quando chegou da Inglaterra a notícia de que minha cunhada tinha morrido. Eu tinha 8 anos de idade, e adultos não choravam. Adultos nunca eram fracos.
Adultos tinham resposta para tudo. O Q Ele Pensa Que é,um Português? me davam uma surra e ao mesmo tempo me convenciam de que isso estava doendo muito mais neles que em mim. Ou dessa forma: se gente vasto chorava, era pelo motivo de estava sentindo dor física. Entretanto aquilo era diferente. Ela estava chorando por uma questão que não dava para olhar, ouvir ou tocar. O(a) Ex De Volta? /p>
Estava soluçando até. E aí parou, e em uma hora foi como se nada tivesse acontecido. Ela fez a mesma coisa no momento em que meu pai morreu, minha irmã me mostrou. O som que ouvi pelo telefone, aquele som extenso, grande e sem ar, como um engasgo, um grito e um choro tudo ao mesmo tempo.
Pela volta para moradia, a minha irmã dirigiu, e ela ficou sentada em silêncio. Mais de uma vez minha mãe perdeu a compostura. E tem mais: minha mãe é mentirosa. Uma enorme mentirosa, minuciosa, dotada de um muito bom poder de convencimento. Talvez esse seja o lado mais engraçado dela. Minha mãe localiza que foi o hospital que matou meu pai.