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Se tem uma questão que não sou é coitada. Eu tremia de nervosismo. Estava prestes a estrear como modelo em uma passarela. O desfile era um trabalho de conclusão de curso de uma amiga que estudava moda. Ela fez uma exibição de inclusão social, com negros e deficientes físicos. Fui a última a entrar, e me aplaudiram de pé.
Percebi que levava jeito pra coisa. Ali, há quatro anos, escolhi minha profissão. Hoje, sou agenciada e recebo uma média de 8 convites por mês para desfilar. 100. Entendo que é menos do que se paga a modelos profissionais, entretanto o mercado está cada vez mais acessível pra gente como eu.
E, com a repercussão da Luciana, personagem da Alinne Moraes na novela Viver a Existência, essa abertura necessita crescer ainda mais. Não sei que destino o autor Manoel Carlos reserva para a Luciana, entretanto espero que ela fique numa cadeira de rodas até o último capítulo. Será fantástico mostrar que a paraplégica pode, sim, possuir uma vida sensacional, apesar da deficiência. Bem como a personagem da novela, perdi os movimentos em um acidente de carro.
Foi na manhã de 13 de janeiro de 1991, um domingo. Eu tinha nove anos e voltava das férias pela residência da minha tia, em Como Conquistar Um Homem Galinha , com meus pais e meu irmão. Um automóvel entrou na contramão da rua Fernão Dias e atingiu de frente o nosso carro. A batida pegou o lado onde estava o meu pai. Joanna Maranhão Ataca Confederação E Se Diz Perseguida Por Pronunciar-se O Que Pensa morreu pela hora.
Eu estava no banco de trás, logo atrás dele. Desmaiei. Meu caso era crítico e fui encaminhada com finalidade de São Paulo de helicóptero. Minha coluna havia se partido em dois pedaços. Acordei do coma 10 dias depois, no hospital. Minha mãe comentou que meu pai estava hospitalizado em Esbelto Horizonte. Só soube que ele havia morrido quando saí do hospital, após 2 meses.
Meu padrinho me contou. Senti muita agonia pela primeira vez em que sentei em uma cadeira de rodas. Colocaram ferros para reunir a minha coluna novamente, e a cicatriz da operação ainda não tinha fechado. Apesar de ser quase insuportável, eu resisti à aflição. Eu tinha a esperança, alimentada pelos médicos, de que aquela cadeira fosse uma situação temporária, que logo andaria de novo por aí com minha família.
Fiz fisioterapia no hospital durante um ano, contudo meu organismo não respondia aos exercícios. Um dia, uma terapeuta recém-contratada veio conversar comigo. Ela perguntou qual era a causa da minha paralisia. Respondi que havia quebrado a coluna ao meio. Ela fez uma cara de surpresa e alegou que, em casos como o meu, a volta dos movimentos era aproximadamente inadmissível.
Outro fisioterapeuta que estava próximo reprimiu a novata, mas a minha ficha agora tinha caído. Eu ficaria eternamente numa cadeira de rodas. Ouvi expor que, pela novela, a Luciana vai descontar na mãe a frustração de estar imobilizada. Eu nunca fiz isto. A morte do meu pai uniu a minha família em redor da minha recuperação, e a toda a hora tive muito suporte da minha mãe, do meu irmão e de colegas.
No ano do acidente, eu começaria a 4a série. Sexo, Balzac E Woody Allen consequência a da fisioterapia, meu professor mandava a lição pra eu fazer em residência. No ano seguinte, voltei à instituição. O problema era subir as escadas até a sala. Meus colegas carregavam minha cadeira até o primeiro caminhar. Eu levava isso numa sensacional e até fiz várias amizades. Uma delas é o Rodrigo, meu melhor comparsa até hoje. Sempre fui da filosofia do bola pra frente.